Este assunto é destinado à pessoa que pretende viajar na índia com a
intenção de adquirir uma bansuri.
A idéia é de fornecer dicas para escolher o instrumento, onde procurar, o
que não da certo e ajudar neste processo de compra que infelizmente não está
se mostrarndo legal pela web do fato que existem muitos parâmetros a ser
considerados.
Ter um bom instrumento para tocar faz parte do percurso do bansurista. Ter
um lindo som passa também pela busca de um bom instrumento. Certo, não é o
instrumento que sozinho está fazendo o som. A habilidade do instrumentista
faz a diferença. Um instrumentista experiente consegue produzir um excelente
som com flautas de baixa qualidade.
Nessa busca delicada do instrumento maravilhoso, o músico experimente terá
mais facilidade. Ele já passou por várias decepções e se mostra mais
vigilante durante o processo de compra.
Vamos enumerar os diferentes aspetos a ser considerados:
Afinação - Tuning
A afinação do instrumento é fundamental. É a primeira coisa a ser
considerada para selecionar ou descartar o instrumento. Essa afinação se faz
sob três aspectos:
O primeiro será de verificar se o SA (três primeiros buracos da bansuri
tampados) está alinhado com o seu equivalente no piano (diapasão). Cuidado
se o vendedor utiliza uma tampura eletrônica na loja. Na índia, as vezes, o
vendedor afina rapidamente a tampura na tonalidade da bansuri pensando que
ele está ajudando enquanto ele, na verdade, está alterando a calibragem da
tonalidade. A afinação eletrônica da tampura neste caso poderá ser afinada
mais baixa ou mais alta. É melhor vc ter o seu afinador próprio.
A segunda afinação se refere aos intervalos entre as notas. A dica para isso
será de tocar a composição de uma raga. Yaman e / ou abertas dos buracos do
instrumento.
Prestar atenção em não fazer esforços com a boca e o sopro para corrigir a
altura de uma nota. Um bom flautista consegue corrigir a altura do som sem
perceber. Existem muitos efeitos técnicos avançados que permitem controlar a
altura do som com facilidade. Tem que tocar o mais simples que possível
prestando atenção à afinação das notas entre elas.
O terceiro aspecto é que o instrumento poderia preencher os dois primeiros
requisitos mas as notas do segundo oitavo estão saindo com uma afinação
mais baixa. Este defeito vai obrigar o flautista a tocar corrigindo o
problema. Isso apresenta um esforço maior que pode atrapalhar dependendo
da gravidade. Se este problema existe será dificíl tocar as notas do
terceiro oitavo.
Acabamento -
Finishing
Sempre é bom ter uma bansuri com um bom acabamento. O instrumento parece mais nobre. Não gosto de bansuri envernisadas por dois motivos: a) Prefiro o contato do bambu com meus dedos. b) Coloco óleo de neen para evitar rachadura e proteger o instrumento e o vernis estaria empedindo a ação do óleo.
Sempre é bom ter uma bansuri com um bom acabamento. O instrumento parece mais nobre. Não gosto de bansuri envernisadas por dois motivos: a) Prefiro o contato do bambu com meus dedos. b) Coloco óleo de neen para evitar rachadura e proteger o instrumento e o vernis estaria empedindo a ação do óleo.
Os buracos da bansuri - The holes of the bansuri
Eu separei estes buracos em dois grupos:
Buraco do sopro:
Ele não pode ser grande (superior ao diâmetro de um lápis mais três milímetros) e pequeno (inferior ao diâmetro de um lápis). Aumentar mais a tamanha deste buraco, elevar a tonalidade geral da bansuri.
Buracos tampados pelos dedos:
Tocar cada nota da bansuri exige tampar corretamente cada buraco que entre na constituição das notas. Para isso é necessário força nos dedos a fim de tampar com firmeza. Realizar um excelente slide entre duas notas exige tampar com força e bem divagar um ou dois buracos de uma única vez. Tem que levar em conta que também isso acontecerá às vezes com velocidade. A enumeração destes fatos é para dizer que é importante se premunir facilitando estas tarefas executadas pelos seus dedos. Uma forma simples será de verificar a distancia entre os buracos e a tamanha deles.
Distancia entre os buracos: Essa distancia pode depender da tamanha das suas mãos e da sua posição de mão (ver neste blog a rubrica “Dicas e reflexões para tocar”).
Ouvi músicos indianos me dizendo que isso não é problema e que tem que insistir por que com o tempo os seus dedos vão se abrir e depois será fácil. Realmente acho que aqueles músicos nunca conseguirão tocar uma bansuri bass em D como na gravação que fiz no CD “Balades dans tes Rêves” raag Marwa. Nunca vão conseguir tocar com velocidade tanto tempo e com estes ornamentos. Pessoalmente, sou contra este método. Eu acho que é melhor conseguir (achar) um instrumento bem adaptado as suas mãos ajudando e facilitando o que já é difícil para um novicio. Por que depois será necessário estudar ornamento, efeitos e velocidade. Todo isso já são muitas coisas juntas.
Então, será necessário vigiar principalmente os espaços Ga/Sa e Dha/PA. Se eles são grandes de mais para seus dedos então vc encontrará dificuldade para tampar corretamente destas mesmas notas. O iniciante poderia pensar que não está conseguindo soprar impecavelmente enquanto na realidade não estará tampando corretamente os buracos.
Na fabricação do instrumento é possível deslocar os buracos mais na esquerda abrindo buracos menores. Isso não vai mudar o som da flauta e vai facilitar a sua vida. Um bom flute-maker entenderá perfeitamente a sua demanda.
O som - The sound
Com muitas surpresas, eu estou conseguindo melhorar o meu som praticando
regularmente. Sempre se descobre novas possibilidades de som e efeitos
sonores. O som que apriori se mostra como um elemento simples, se compõe de
fato, de uma variedade infinita de possíveis. Com um excelente instrunento,
este processo de descoberta acontece mais rapidamente. Não esquecer que o
principal é a continuidade destas descobertas no tempo. Começar uma coisa é
fácil...
Uma nota de música tocada se compõe de uma grande quantidade de freqüências
formando a granularidade do som ou a composição do som. Com o posicionamento
da boca, a subtilidade do sopro, o músico poderá com vantagem favorecer as
diferentes colorações do som (favorecendo um grupo de freqüências mais
riscas). Dependendo da textura do instrumento as freqüências das harmonias
da nota serão mais visíveis e em vários oitavos (440hz, 880hz, etc.. para
uma nota em La) diferentes para o ouvido. Baseado na mixagem e na composição
destas harmonias e também das suas intensidades serão definidas as
diferentes texturas sonoras do seu som com o seu instrunento. O melhor
exercício para perceber as diferentes granularidades do seu instrumento será
de tocar apenas uma nota e prestar atenção ao fato que é possível mudar para
granularidades diferentes.
Vc pode experimentar, por exemplo, com o (PA,) a nota mais baixa e com as notas do terceiro oitavo da escala (PA’ Dha’ e Ni’).
Mesmo com bambus da mesma procedência e com bansuris do mesmo fabricante, um instrumentista experiente consegue mostrar diferenças notáveis de granularidade, que seria a particularidade do son do estilo do instrumentista.
Defeito de rachadura - Defect crack
Antes de comprar é preciso observar cuidadosamente cada extremidade para ver se não existem rachaduras. Se vc tem uma dúvida pode utiliza uma lupa.
Textura do bambu e suas características sonoras
Por experiência, sei que as características naturais do bambu compõem um papel fundamental na composição da textura sonora da bansuri.
Existem muitos segredos de fabricação tanto na procedência quanto no tratamento do bambu.
Sempre que eu conversei com um fabricante indiano a resposta foi: Assam bambu.
O bambu da região Uttar Pradesh e Assam no norte da Índia ou Kerala no sul da Índia oferecem excelentes sonoridades.
Acho que o mais importante é que os fabricantes estão sempre procurando os melhores bambus para tentar produzir as melhores flautas. Isso é uma das principais razões para compras bansuris assinadas por um fabricante conhecido ou recomendado.
O bambu utilizado na fabricação tem que ser reto e sem nós. É um bumbu muito leve com epessura fina. Este bambu possui uma capacidade de ressonância especial.
Já comprei bansuris bem retas, mas depois de 6 meses fiquei surpreso em perceber que o bambu estava torto. O incidente afeta levemente a qualidade do som.
De quem vc pode comprar - From who you can buy
Recomendo procurar um ‘lutier’ (flute-maker). Em geral, essa pessoa possui
produtos de vários níveis de qualidade como, por exemplo, flautas de concerto,
professionais e de estudo. A diferença encontra-se principalmente na potência
do instrumento ou o seu volume sonoro, na qualidade do som, no seu acabamento,
na qualidade do bambu e na perfeição da sua afinação.
Custo do seu investimento - Cost of its investment
O custo varia de um “lutier” ao outro, Não existem muitas regras. Em geral, será mais fácil negociar um preço melhor com o lutier do que em uma loja.
O preço de uma boa bansuri começa perto de 4000,00 roupies e pode ir até 8000,00 para uma de concerto. Os melhores preços serão encontrados na Índia. Na Europa e nos USA a faixa do investimento será entre R$400,00 e R$600 para uma bansuri em E bass.
Tem que relativisar e comparar este investimento com outros tipos de instrumento. Em comparazão com o violino, guitarra eléctrica, teclado, piano, etc.. a bansuri se mostrar como um instrumento barato. Um excelente violino chinês custa entre R$ 5000,00 e R$8000,00.
O melhor para começar - The best to start playing bansuri
Existem várias tamahos de bansuri. A cada tamanho corresponde uma tonalidade diferente. Tem que começar pelo que é o mais fácil e com o tempo acrescentar dificuldades. É um processo que acontece ao longo de vários anos. Sempre é bom tentar tocar um instrumento que apresente mais dificuldades porque depois tudo é mais fácil no instrumento posterior.
Com esta lógica, eu recomendo tocar as tonalidade LA, SOL e FA durante 1 ano.
Depois o músico poderá experimentar registros mais aguda e/ou mais grave como SI e MI e depois em DO e Ré bass. Quando começar este processo procure o seu mestre para ter dicas. Tocar um bansuri em E aguda possui uma aberdagem diferente de uma bansuri em grave. Pensar que essa passgem se resolva com apenas o bom senso poderia se mostrar uma grande perta de tempo.
Ciclo de vida da bansuri - Life cycle of the bansuri
Para uma pessoa cuidadosa como, por exemplo, o Mestre G.S. Sachdev, o tempo de vida de uma bansuri pode ultrapassar 40 anos, já que há mais de 40 anos que ele está tocando com a mesma flauta. O Ajay Prasanna toca com a bansuri do seu avô PT Bhola Nath Prasanna. Seja um instrumento de mais de 60 anos. Isso reforça a idéia de comprar um excelente instrumento se vc tem a oportunidade de viajar na Índia, nos US ou na Europa. Infelizmente, hoje, eu não conheço flute-maker bom no Brasil.
Sou cuidadoso e mesmo com essa atitude já vi mais de 3 flautas boas se rachar nas minhas mãos. Recomendo ler a rubrica "Manutenção da Bansuri" deste BLOG.
Existe um dilema. A maior parte do tempo as bansuris são feitas de um bambu leve e fino e são do fato frágeis. Os flautistas profissionais sempre andam com duas a três bansuris iguais. Se acontecer um problema durante a viagem sempre será possível contornar a catástrofe.
Processo de seleção das bansuris - Selection Process
A questão é de saber determinar qual é a melhor bansuri numa loja.
A circunstância acontecerá sempre nas lojas, na casa do flutemaker ou com um dos vendedores ambulantes de bansuri nas ruas de Varanasi ou de Nova Delhi por exemplo. Sempre vc será confrontado a essa situação de determinar “a melhor”. Mesmo na casa do fabricante cada bansuri possuirá as suas diferencias próprias. Neste parágrafo vou repassar dicas para evitar finalizar compras erradas e aperfeiçoar o seu processo de seleção. Este método será baseado numa aproximação empírica. O erro seria de tentar determinar qual é o melhor instrumento numa loja, tocando um e depois mais outro, etc.. Essa abordagem não dá bons resultados.
Se o vendedor está oferecendo muitos instrumentos para vc experimentar, será necessário utilizar um método seletivo que leva em conta os pontos que para vc são os mais importantes. Por exemplo: Facilidade para tocar, tonalidade em E, sons graves muito suaves, etc.. A partir dessa exigência já é possível eliminar mais de 3/4 da oferta. Depois resta a testar o SA (primeira etapa da afinação). Aqui poderia já sobrar apenas 50/100 da primeira seleção. A partir deste ponto, vc pode tocar a raga yaman com a tampura eletrônica. Verificar que a calibragem dessa tampura é 440 hz. Tocar também nas notas agudas (terceiro aspecto a ser considerado na afinação). Dessa fase sobrara apenas 2 bansuris numa loja, zero de um vendedor de rua e muitas na casa de um luthier. Agora, vcs vão começar uma fase sugestiva na fase de análise das granularidades, estrutura sonora. Só vc vai poder selecionar o que é o melhor para vc.
Boa sorte. . . . Aguardando o seu retorno no comentário abaixo. Ajudou?
Onde comprar - Where to buy
Sempre que vou à Índia, eu volto com alguns bansuris para vender. Me procura que eu tenho sempre uma coisa boa para vender. O preço varia dependendo do fabricante.
Com a pandemia, infelizmente, estou na incapacidade de viajar.
Os preços dos instrumentos aumentaram bastantes por varios motivos:
- Com a pandemia é impossível ir na Índia;
- Quando era possível ir na Índia, o preços da passagens aumentou de 1/3;
- As bagagens passaram de 32Kg para 23Kg o que reduziu a quantidade de instrumentos á ser transportados;
- O real se desvalorizou em relação ao roupi e ao dólar;
Por essa razão, comecei a fabricar bansuris com bambu brasileiro para os meus alunos. Peguei como referencia as bansuris do Subharsh.. Com o tempo e a experiência, a qualidade destes instrumentos está melhorando bastante. Hoje, estou apenas fabricando bansuri em A, G, F e E. Estou muito satisfeito com o som. Já vendi 15 e ninguém reclamou.
Nessa foto, as 3 bansuris de 63cm na esquerda são afinadas em G e a bansuri de 66cm na direita é afinada em F.
Quem comprar uma bansuri está convidado á participar das minhas oficinas em Humaitá no Rio de Janeiro de graça (ver vidéo abaixo) e será incluído no grupo Arte de Tocar Bansuri que possui hoje 40 membros..
Espero que estas dicas tenham sido úteis para vocês. Caso queiram falar sobre este assunto, escrevam para mim. Obrigado.
Contato: jcaveline@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário