Flauta Indiana

História da flauta Indiana
A flauta transversa de bambu é incontestavelmente um dos instrumentos de música o mais antigo da Índia. Na índia, este instrumento é provavelmente mais antigo que os vedas que são os primeiros textos antigos da mitologia hindu. Essa literatura possui mais de 3000 anos e deu bases e fundamentos para muitas religiões e filosofias. Além disso, o fato que o instrumento é freqüentemente representado nas esculturas dos templos, afrescos e murais da época medieval, mostra que a flauta transversa ocupa um lugar especial e excepcional na história da musical indiana. Ela é geralmente tocada em conjuntos vocais e instrumentos que acompanham a dança como essas fotografias de esculturas do século XI de um templo hinduísmo em Khajuraho. A importância da flauta na história da música indiana poderia se explicar pelo fato de sua sonoridade ser muito próxima da voz humana. Os dois possuem um registro médio de 2 à 2,5 oitavos e do modo de produzir o som, soprando. Além disso, na prática, todas as graças, efeitos, slide, curvas, delicadezas, as nuances de tonalidades, e as ornamentações essenciais da música vocal indiana podem ser produzidas com as mesmas expressões instrumentais. Encontra-se na Índia dois tipos de flautas: a bansuri e a venu ou murali. A flauta transversal do norte da Índia, a bansuri, é feita a partir de um bambu, tampado de um lado, reto e sem nó. Não existe imperfeições como nós ou tubo mais fino de um lado. O bambu tem que ser leve e fininho. Em Assam na Índia, encontra-se essa qualidade de bambu. Na sua forma tradicional, ela possui seis buracos para a gestual dos dedos. Os tons intermediários como C# (dó sustenido) são produzidos com o quase fechamento dos buracos. A murali encontra-se no sul da Índia e é menor que a bansuri.

Venu ou murali
Esta flauta originária do sul da Índia é também transversa e de bambu . Existem dois nomes para falar dessa flauta: "venu" ou "murali". Ela é o elemento principal do Krishna da mitologia védica, o deus mais popular do hinduísmo, sétima avatar de Vishnu. Muitas lendas descrevem que animais se reuniam aos pés do Krishna, cativados pelas melodias encantadas da sua música. Neste mundo de paz, predadores e herbívoros esquecem as suas diferenças e instintos profundos. É essa mesma música que irresistivelmente atrai as pastoras (gopis) para perto do Krishna. Isso simboliza o chamado eterno para o divino. Apresentada neste contexto religioso, a flauta, desde 3000 anos, sempre foi considerada como um instrumento a parte, cuja essência é divina e que emite sons puros e sagrados. Tudo deixa pensar que a flauta, instrumento prolongado da boca e extensão da voz, foi um dos primeiros instrumentos melódicos do homem.

A Venu passou a ser um instrumento do repertório tradicional só a partir do início do seculo XX. Ela estava confinada anteriormente a um papel de acompanhamento da dança e media menos de 40 centímetros. Flautas deste formato eram mais fáceis de produzir e de fato mais populares. As flautas mais estreitas possibilitam um som mais agudo e forte que se impõe melhor nos conjuntos rítmicos que acompanhavam a dança dessa época.

Bansuri
Bansuri quer dizer bambú, ou seja, flauta de bambú. O instrumento é associado a Krishna porque ele está mencionado nos Vedas e aparece também na arte Budista de mais de 2000 anos. Um verso em sânscrito fala do bansuri como a fonte swarajnana ou fonte do conhecimento da música.

O status da bansuri é relativamente recente como instrumento de recital de música clássica na Índia do norte. Este instrumento milenar, preferido dos pastores e que acompanhou a evolução das músicas folclóricas da índia se torna parte da música clássica hinduísta graça ao grande mestre e legendário Pt Pannalal Ghosh que elevou o instrumento a um nível sofisticado de uso. Nascido em 31 de julho de 1911 em Barisal situado hoje no Bangladesh. Amulya Jyoti Ghosh foi uma criança prodigio. Ele herdou o seu amor pela música e pela flauta de bambú do seu avô, Hari Kumar Ghosh que tocava sítar, tabla, e pakhawaj e estudou o sitar com o seu pai, Akshay Kumar Ghosh. Também, estudou a música com o seu tio materno, Bhavaranjan Mazumdar que era um vocalista. Em primeiro lugar a flauta de bambú do norte da India foi um instrumento soprano de aproximadamente 14 inches de comprimento e foi utilizado para tocar pequenas peças clássicas e levais de música ou eventualmente para o acompanhamento dublando as linhas melódicas do canto. A principal inovação do Pannalal Ghosh foi a elaboração de bansuris maiores, aproveitando sonoridades mais gravas. Ele, também, colocou um sétimo buraco a fim de poder prolongar o comprimento da flauta sem mudar o registro do tom adquirindo dessa forma uma característica sonora mais somber-yet-sweet. A sonoridade da ultima nota (o Pa) com esta extensão fica mais fácil a ser trabalhada. Mais adiante, ele desenvolveu a bass bansuri de mais de 80 centimetros de comprimento.


Síntese de várias fontes, por Jean-Christophe Avelive (Maio de 2008)

Os principais bansuristas da música indiana
Amar Nath, Anand Murdeswar, Chandrakant Prasad, G.S. Sachdev, Hariprasad Chaurasia, Harsh Wardhan, Nityanand Haldipur, N. Ramani, Pannalal Ghosh, Prabir Ghosh, Krishna Bhandari, K. S. Gopalakrishnan, Rajendra Prasanna, Rakesh Chaurasia , Ronu Majumdar , Rupak kulkarni, Sunil Kant Gupta, Prasad Bhandarkar , Ajay Prasanna, Rajat Prasanna, Vijay Raghav Rao, Chandrakand Prasad, Ashok Kumar Mehta, Sunilkant Gupta, Bapu

Origem da flauta


Os neandertais realizavam um conjunto sofisticado de tarefas normalmente associados apenas aos humanos, como a construção de abrigos complexos, o controle do fogo e a remoção da pele dos animais. Particularmente intrigante é um fêmur de urso encontrado em uma escavação com quatro furos numa escala diatônica feitos deliberadamente nele. Essa flauta foi encontrada na Eslovênia em 1995 próximo a uma fogueira do período musteriense (entre 70000 e 40000 anos) usada pelos neandertais.

Mais recentemente, uma equipe de arqueólogos descobriu uma flauta de 35 000 anos. Ela foi descoberta numa gruta na Alemanha e é composta de oso de « vautour »  (passaro com grande pernas) e tem 22 cm de comprimento.